Como vimos não podemos distinguir no ruído uma altura determinada, uma frequência, devido ao fato deste ser uma "emaranhado" de frequências. Vimos também que a distinção subjetiva entre ruído e som é inadequada, e que partindo do ponto de vista acústico temos a distinção entre ruído - enquanto som composto de múltiplas frequências - e tom - uma frequência única distinguível. Vimos também que o som e o silêncio são a matriz de tudo o que existe na música, e se tomarmos mais uma vez a metáfora, são o yin e yang, como nos disse José Miguel Wisnik em O Som e o Sentido (podemos entender o ruído branco como a fonte de todas as frequências - de todos os tons - possíveis, sendo assim o som por excelência, o absoluto sonoro).
Existiriam muitas considerações interessantes a serem feitas sobre ruído na dimensão semiótica, histórica e simbólica da música, mas estamos nos limitando nesse momento a questão acústica.
Se o ruído é o som de altura indefinida resultante da soma de múltiplas frequências distintas, e o tom é o som de altura definida resultante de um única frequência distinta (se você é adiantadinho não se preocupe, falaremos sobre as componentes harmônicas em breve), mescla é o som que possui ao mesmo tempo ruído e tom, mesclados, como o próprio nome diz. Existem vários instrumentos étnicos e formas de execução de instrumentos modernos que utilizam a mescla como elemento musical. Temos por exemplo a mbira (kalimba ou sanza) africana, o piano preparado de John Cage e os diversos modos de execução de instrumentos tradicionais incorporando a mescla como o sax e a guitarra no rock, ou em várias peças da musica contemporânea.
Belíssima peça com Mbira executado por caçadores do Zimbabwe
Piano Preparado (Sonata nº 5 de John Cage por Inara Ferreira)
O som em suas dimensões de tom, ruído e mescla, somados ao silêncio são a matéria prima da música. Ainda no campo da altura podemos distinguir o som como grave, médio e agudo. Falaremos disso na sequência.
Continua...
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